Uma família comum de classe média C, com ambições comuns, vivendo em uma casa comum, um dia a dia comum, permeado pelas aparências, pelo verniz social que abafa sentimentos e falas veladas... Na "Luxúria" de Bonassi o sentido da palavra é um pouco diferente do que estamos acostumados a imaginar. Aqui ela denota mais a corrupção de costumes de uma família, inebriada pelo crédito fácil, pela felicidade que parece estar a sua porta, com as inúmeras possibilidades de consumo agora oferecidas num momento de prosperidade, segundo as propagandas do governo. É uma leitura um tanto incomodativa, que nos faz deparar com as dificuldades da sociedade, encarando nossas misérias, frequentemente vivendo como robôs, anestesiados pelas contingências, e muitas vezes agindo na defensiva, como animais acuados.
Fica o questionamento: é o alto consumo que nos confere sucesso e felicidade? É na necessidade de provarmos para os outros esse sucesso em que consiste nossa vida?
Embora sobre temáticas diferentes, a dureza e a crueza da história fez-me lembrar do filme "Ensaio sobre a cegueira", baseado na obra de José Saramago, no qual é retratado do que o ser humano é capaz quando ele encontra-se destituído de quase toda sua humanidade...
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